Espaço da Rô: O Estranho.

O estranho

                Eu estava voltando para casa. Essa é uma das minhas partes favoritas do dia. Por mais estranho que seja, gosto do tempo que passo no ônibus, com mais meia dúzia de pessoas, ouvindo músicas e pensando em coisas aleatórias. Eu estava tão desatenta que nem percebi quando ele se sentou próximo e pediu um lado do fone, justo na hora que tocava “estranho seria se eu não me apaixonasse por você...”. Respondi que ele não tinha cara de quem ouvia Nando Reis, mas na minha cabeça eu me perguntava por que diabos um estranho sentia tanta liberdade em me pedir para compartilhar minha música. Não entendi nada, tirei um lado do fone e entreguei a ele. Não parecia, mas ele conhecia e sabia cantar. Eu e minha péssima mania de julgar por aparência. Dessa vez eu errei.

                Ele gostava de MPB, comédia romântica e história. Havia acabado de se mudar do sul e tinha sotaque. Usava uma bermuda e não tinha barba, talvez por isso não tenha chamado tanto a minha atenção logo de primeira. Mas cada palavra que saía de sua boca despertava muito minha curiosidade. Ele falava sobre arte e disse que gostava de escrever. Coincidência, né? É o que vivo fazendo, minha expressão. Palavras são minha arte. Interessou-me.

                No fim do dia apareceu alguém a me oferecer sorrisos. Quando meu mundo girava mais rápido do que o normal, quando minha mente gritava, alguém me trouxe leveza. Era sexta feira quando ele veio interromper a rotina, pôr parênteses em meu dia e me deixar intrigada. Ele que eu nem sei o nome, mas sabia cantar Nando Reis, Leoni e Lenine. Ele que saiu do ônibus sem deixar número de telefone. Volta alívio, vem desarrumar meu quarto, vem descansar seus amores por aqui.

Roberta é a nossa colaboradora aqui no blog, a nossa futura jornalista que adora doces, ela tem um blog super novinho, vá até lá e aproveite os textos dela aqui. Para saber mais sobre a Rô clique aqui pois ela deixou um recardo para você!